Espalhado em todo o Brasil, crescem as Feiras Agroecológicas como opção ao consumidor interessado na origem dos alimentos.
As pessoas precisam dos alimentos! Além disso, precisam saber que são produzidos sem produtos químicos, com água limpa e que seu cultivo preserva o ambiente natural. Agrônomos e biólogos alertam para o desequilíbrio do solo, das águas e do ar provocado pela presença de agrotóxicos que vem retirando vários elementos essenciais à vida, afetando a todos os seres vivos do planeta! Conhecer o agricultor que produz o seu alimento gera confiança e fortalece o elo entre consumidores e produtores!
O que vem acontecendo com a produção de alimentos?
No passado quase toda população estava ligada à agricultura. Depois, na era da industrialização e da urbanização, as pessoas passaram a adquirir os alimentos nos mercados distanciando-se da produção. A agricultura passou a seguir os mesmos objetivos da indústria: lucratividade. Isso exigiu que a produção fosse sempre crescente. Por isso surgiu o “adubo químico” que saía das fábricas para os campos fazendo com que a agricultura rompesse os limites da natureza, sem deixar a terra descansar para manter-se fértil. Esse rompimento além do sistema de monocultura trouxe uma conseqüência não prevista que foi o crescimento de populações de insetos específicos chamados de “pragas”. Surgiu então os “agrotóxicos” como resposta, que foram produzidos com a matéria prima dos armamentos químicos usados na segunda guerra mundial. Mais recentemente apareceram os “herbicidas” que substituíram o trabalho mecânico pelo controle químico das chamadas plantas “invasoras”. Agora, no terceiro milênio, continua a mesma lógica da aceleração a qualquer custo! Foram criados pelos laboratórios das grandes empresas de sementes e agrotóxicos, alimentos transgênicos (vegetais ou animais geneticamente modificados) que aumentam a produtividade, porém amarram os produtores em total dependência do arsenal químico. O mercado mundial ficou razoavelmente abastecido e as populações com melhor nível de renda, desfrutam hoje de uma diversidade de alimentos durante todo o ano, artificialmente desenvolvida!
Conseqüências e respostas
A partir dos anos 80, com esta tecnologia começaram a aparecer as conseqüências ambientais e aquelas relacionadas à saúde! Água, terra e alimentos contaminados por agrotóxicos, alimentos empobrecidos e desequilibrados pelos fertilizantes e, através da mecanização do trabalho, o êxodo rural, contribuindo para o inchaço das cidades. Em resposta iniciaram-se os movimentos ecológicos e da agricultura chamada alternativa.
Situação em nosso estado
No Estado do Rio em 1985 foi fundada a primeira Associação de Agricultura Orgânica do Brasil, a ABIO, com participação de alguns produtores de diversos municípios com o objetivo de contribuir para a expansão do movimento orgânico, então incipiente no país.
As feiras livres sempre tiveram muita importância neste movimento, porém, ao contrário do que deveria acontecer, muitas delas foram enfraquecendo com o passar dos anos tornando-se marginalizadas e inviáveis, pela falta de infra-estrutura e apoio social.
Em 2004, um novo fôlego fortaleceu o movimento e surgiram as Associações Agroecológicas locais, interligadas em redes através de encontros estaduais. Essas associações promovem a agroecologia, a economia solidária, estimulam artesãos e outras manifestações da cultura popular em bases sustentáveis, facilitando a apresentação e comercialização destes produtos nas feiras. Nos espaços de venda de alimentos se oferece também uma “alimentação cultural”, favorecendo o desenvolvimento de todos, sejam agricultores, artistas populares ou consumidores! Uma cultura de harmonia com a natureza, que é o modo de desenvolvimento em que acreditamos!
Precisamos melhorar os espaços de comercialização, gerar o aumento de produtos e segurança para o agricultor familiar. Contribuir também para um atendimento melhor aumentando a oferta. O fortalecimento de Associações permitirá a realização de projetos educativos junto aos agricultores. Esclarecer a importância do trabalho no campo, do que vem acontecendo com a produção de alimentos, riscos ao ambiente e a saúde e a criação de vínculos com o mercado econômico são alguns dos temas importantes.
Este é o momento de crescer e fortalecer o espírito associativo!
Bem vindo às feiras agroecológicas!
Roberto Selig
Agrônomo e produtor
Pres. da Associação Agroecológica de Teresópolis
Maria Luiza Branco Nogueira da Silva
Médica pesquisadora da alimentação viva
Projeto Terrapia/FIOCRUZ